Passou-se
o gélido inverno conforme previra, seguido dos sofrimentos de um
tenebroso verão, cujo calor não mais servia para aquecer, mas para
queimar, cujas hipotermias foram substituídas por, possivelmente,
cicatrizes incuráveis. O que esperar do outono que sucede a estação
do fogo? Esperanças caídas, como as folhas das árvores? É assim
que se seguia a linha do meu pensamento, tomada por apenas objetivos
acadêmicos, mas desesperançosa. Errado! E nunca estive tamanha
alegria em errar.
As
cicatrizes “incuráveis” nada mais são que arranhões
praticamente invisíveis, o gelo que acobertava os sentimentos foi
finalmente derretido, dando margem a um coração que sabe amar. E
sabe que não sabia amar. Com um olhar penetrante, em um banco de um
shopping, diante de uma loja de roupas, com doces palavras de “não
brinca comigo”, seguiu-se um aconchegante beijo que dera origem a
tantos outros.
Não
comparo o que vivo com nada do que já vivi, é algo novo, é algo
feliz. É um embate entre inocência de criança e maturidade de
adulto que, no lugar de se contradizerem, completam-se, dão início
a novos e lindos sonhos, agora conjuntos, compartilhados. Não mais
preciso seguir o meu, e unicamente meu, caminho, mas abri-lo à minha
companheira para juntos darmos os passos. Longos passos, pequenos
passos, mas os nossos passos.
No lugar
do utópico eu encontro o teu rosto ao alcance de minhas mãos, tua
boca ao alcance da minha, teu coração de frente ao meu. Talvez não
mais meu, mas nosso.
São
poucas as palavras que te escrevo, mas nem que me pudesse ser
possível escrever infinitos versos, textos, cartas, eu poderia
descrever tudo o que representas para mim. Poderiam ser passadas
todas as eras e ainda assim eu não conseguiria afirmar aquilo que me
és. Mas são nas três palavras que tento resumir tudo: eu te amo.